segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Trabalho Especial de FILOSOFIA - 3º TRIMESTRE

Disciplina:

   TRABALHO DE PESQUISA DE FILOSOFIA PARA O 3º ANO
    
        Escolha um dos problemas da bioética listados abaixo e faça uma pesquisa e elabore individualmente um texto apresentando os prós e os contra para a sociedade. A pesquisa deverá ser bem criteriosa, para garantir um nível de debate significativo.

TEMAS: 
  1. A liberdade por um fio? - A internet como plataforma de disseminação de ódios.
  2. Pluralidade de pontos de vista - Uma opinião para chamar de sua.
  3. Intolerância Religiosa - Afinal, qual é o lado de Deus?
        Data de entrega: 
24 de novembro de 2017.
        Trabalho com capa, introdução, desenvolvimento, conclusão pessoal e bibliografia.

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Trabalho de Recuperação Paralela - Sociologia - 2º Ano




Lista de Exercícios de Sociologia – Recuperação Paralela
Professor Cláudio

1.     A Sociologia surgiu no século XVIII, na Europa, durante a Revolução Industrial. No entanto, em solo brasileiro ela só se desenvolveu em outro período, diante da necessidade de se compreender a realidade de nosso país. Em que período isso ocorreu?
A_(__)_No início do século XX, com a industrialização e os conflitos oriundos dessa transformação social.
B_(__)_No século XVIII, com a necessidade de se compreender os conflitos sociais entre senhores e escravos
C_(__)_No século XX, com a necessidade de se compreender as transformações decorrentes da informatização.
D_(__)_No século XIX, com a abolição da escravatura e o início da utilização da mão de obra assalariada.

2.     Os primeiros sociólogos brasileiros buscavam por meio de seus estudos compreenderem a realidade social do nosso país. As primeiras questões que se propuseram a estudar foram:
A_(__)_As questões relacionadas ao Movimento Sem Terra – MST.
B_(__)_As questões sociais voltadas ao bem estar e valorização da cultura indígena.
C_(__)_A contribuição do negro à sociedade brasileira e sobre a miscigenação.
D_(__)_As questões de desemprego e a importância de uma reforma educacional.

3.     O conceito de miscigenação significa:
A_(__)_Relações não amistosas entre etnias diferentes.
B_(__)_Aceitação e respeito às diferentes etnias presentes na mesma sociedade.
C_(__)_Convivência conflituosa entre etnias presentes na mesma sociedade.
D_(__)_Mistura de raças, de povos de diferentes etnias, ou seja, relações inter-raciais.

4.     A democracia racial significa:
A_(__)_A falsa ideia de que em um país as pessoas com etnias diferentes não sofrem discriminação e preconceito.
B_(__)_Afirmar que não há preconceito racial, embora este exista de forma mascarada, mas que ficam evidentes nos índices que evidenciam o abismo social e econômico existente entre as étnicas em uma sociedade.
C_(__)_O reconhecimento da igualdade de direitos e o respeito às etnias diferentes, sem preconceito ou discriminação.
D_(__)_O desejo de muitos sociólogos de acabar com os preconceitos entre negros e brancos por meio da conscientização e da educação para a diversidade.

5.     O mito da democracia racial é:
A_(__)_Afirmar que existe igualdade entre brancos e negros, mas que na realidade o que se percebe é o preconceito mascarado, que pode ser evidenciado nos índices que apontam um abismo gigantesco entre ricos e pobres.
B_(__)_É a diferença social existente entre brancos e negros apontada em pesquisas que mostram que negros recebem salários mais baixos, têm menos acesso à educação e menos oportunidades de ascensão social exclusivamente por causa das desigualdades sociais.
C_(__)_É a diferença social existente entre brancos e negros apontada em pesquisas que mostram que negros recebem salários mais baixos, têm menos acesso à educação e menos oportunidades de ascensão social por conta do preconceito que tem suas raízes na história brasileira.
D_(__)_É a real afirmação da existência de igualdade de oportunidades, respeito e valorização de pessoas de etnias diferentes.

6.     Gilberto Freyre foi um dos principais sociólogos brasileiros da geração de 30. Em seu livro “Casa grande & senzala” descreve com objetividade a contribuição histórica do negro na construção da sociedade brasileira. Foi o primeiro a esboçar o conceito de democracia racial, baseado em/na:
A_(__)_conflitos inter-raciais que denunciavam a dominação dos brancos sobre os negros escravizados.
B_(__)_descrições de inúmeras relações amorosas entre senhores e escravos, que contribuiu para a miscigenação do Brasil.
C_(__)_os senhores atribuíam aos negros tarefas braçais e subalternas.
D_(__)_inexistência de conflitos raciais com base em justificativas religiosas.

7.     Aprendemos que, no Brasil, o racismo tem origem histórica. Assinale a alternativa correta sobre essa afirmação:
A_(__)_O racismo teve seu início no período do neocolonialismo, quando os europeus criaram justificativas ditas científicas para a imposição da cultura e do modo de vida europeus às sociedades do continente africano. Argumentavam que o branco era mais evoluído do que o negro, portanto, mais humano.
B_(__)_O racismo teve seu início no período da colonização quando os portugueses perceberam a rentabilidade do tráfico de escravos e da necessidade de mão de obra nos engenhos de açúcar buscou-se a sustentação ideológica de que os negros eram inferiores aos brancos.
C_(__)_O racismo teve seu início no período da colonização portuguesa quando começaram a surgir as primeiras ideologias justificando o domínio da Europa sobre as demais religiões. Doutrinas defendiam serem os brancos europeus destinados por Deus e pela história a comandar o mundo e as raças consideradas inferiores.
D_(__)_O racismo teve seu início no período no início do século XX, com a disseminação das ideologias nazistas pelo mundo, que defendiam a superioridade da raça ariana e a exterminação em massa das etnias consideradas “menos humanas”.

8.     São características de países pobres:
A_(__)_Baixa renda per capta, independência econômica e tecnológica, grandes desigualdades na distribuição de renda, má distribuição da propriedade de terra, altos índices de analfabetismo e desrespeito aos direitos humanos.
B_(__)_Renda per capta nivelada, dependência econômica e tecnológica, grandes desigualdades na distribuição de renda, má distribuição da propriedade de terra, altos índices de analfabetismo e desrespeito aos direitos humanos.
C_(__)_Baixa renda per capta, dependência econômica e tecnológica, grandes desigualdades na distribuição de renda, má distribuição da propriedade de terra, altos índices de analfabetismo e desrespeito aos direitos humanos.
D_(__)_Baixa renda per capta, dependência econômica e tecnológica, poucas desigualdades na distribuição de renda, má distribuição da propriedade de terra, altos índices de analfabetismo e desrespeito aos direitos humanos.

9.     É um indicador que ajuda a saber o grau de desenvolvimento econômico de um país ou região por meio da soma dos salários de toda a população dividido pelo número de habitantes. Quando o índice é baixo, é uma característica de países pobres:
A_(__)_Produto Interno Bruto.  
B_(__)_Renda per capta. 
C_(__)_Dívida externa.
D_(__)_Inflação.

10. A mortalidade infantil consiste nas mortes de crianças no primeiro ano de vida e é a base para calcular a taxa de mortalidade infantil, que consiste nos números observados durante um ano, referido ao número de nascidos vivos do mesmo período. O índice considerado aceitável pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é de 10 mortes a cada mil nascimentos. Em relação a esse indicador, em países pobres o índice de mortalidade infantil é:
A_(__)_Índice zero.              
B_(__)_Índice moderado.   
C_(__)_Índice elevado.
D_(__)_Não é indicador pobreza.

11. É uma formulação teórica desenvolvida por intelectuais, que faz a caracterização dos países como "atrasados" decorrente da relação do capitalismo mundial de dependência entre países "centrais" e países "periféricos". Teoria do/da:
A_(__)_dependência econômica. 
B_(__)_mito do desenvolvimento econômico.
D_(__)_do estagnocionismo.
C_(__)_subdesenvolvimento.      

12. O racismo é percebido e vivido no cotidiano: nos shopping centers de elite, onde os trabalhadores negros são confinados em postos de vigias ou faxineiros e raramente empregados em atividades de atendimento ao público; na programação televisiva, onde os negros/as, quando aparecem, ocupam as tradicionais posições de subordinação (a empregada doméstica, o bandido, a prostituta, o menino de rua, o segurança); nas piadas e expressões de cunho racista sempre presentes nas reuniões de famílias brancas. Sobre essa temática assinale a alternativa incorreta:
A_(__)_O racismo é um tipo de preconceito que tem origem histórica, fortalecida principalmente no período colonial, quando os brancos perceberam o quanto era rentável a mão de obra escrava nas lavouras de cana-de-açúcar e o tráfico negreiro.
B_(__)_As novelas brasileiras têm um papel importante na manutenção de ideias discriminatórias em relação aos negros, pois na sua maioria, são reservados a eles personagens que ocupam baixa posição social.
C_(__)_As piadas e expressões de cunho racista são uma forma de propagar esse preconceito, evidenciando que, ainda que neguem, as pessoas não respeitam as diferenças étnicas.
D_(__)_O racismo é um falso problema criado por um grupo minoritário que não aceita o fato de não existir discriminação racial, mas sim a desigualdade social pura e simples.

13. O que é o mito do desenvolvimento econômico?
A_(__)_É a ideia que defende ser possível o desenvolvimento por meio de investimentos em alimentação, saúde, habitação e educação.
B_(__)_São os esforços oriundos de economistas, políticos e cidadãos em busca de melhores condições às necessidades básicas de toda a população.
C_(__)_É a falsa ideia de que países subdesenvolvidos poderão avançar economicamente se seguirem o modelo de desenvolvimento dos países ricos.
D_(__)_É o desenvolvimento econômico que está atento ao impacto sobre a natureza, sobre os recursos não renováveis e sobre a poluição.

14. O temo “países em desenvolvimento” é:
A_(__)_usado geralmente para descrever um país que possui um padrão de vida alto, uma base industrial sólida e um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) elevado.
B_(__)_usado geralmente para descrever um país que possui um padrão de vida alto, uma base industrial sólida e um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) baixo.
C_(__)_usado geralmente para descrever um país que possui um padrão de vida baixo, uma base industrial sólida e um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) elevado.
D_(__)_usado geralmente para descrever um país que possui um padrão de vida entre baixo e médio, uma base industrial em desenvolvimento e um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) variando entre médio e elevado.

15.
15. O desenvolvimento com base no crescimento econômico que acentua as desigualdades sociais em vez de diminuí-la, aumentando mais o abismo que separa ricos de pobres é chamado de:
A_(__)_Subdesenvolvimento.    
B_(__)_ Desenv. sustentável.
C_(__)_Desenv. perverso.    
D_(__)_ Desenv. positivo.

16. Visão evolucionista que, de acordo com as mudanças, movem as sociedades de um estágio tradicional para um estágio moderno, numa escala de aperfeiçoamento é chamada de teoria:
A_(__)_do subdesenvolvimento.   
B_(__)_da depend. econômica.
C_(__)_ da modernização.
D_(__)_do desenv. perverso.

17. Parte do ponto de vista econômico e das relações históricas entre os países considerados desiguais. A história é capaz de explicar a situação atual das desigualdades presentes: os países periféricos (dominados) vendiam aos países centrais (dominantes) produtos primários e matérias-primas e compravam produtos industrializados.
A_(__)_Teoria do desenvolvimento perverso.
B_(__)_Teoria do subdesenvolvimento.
C_(__)_Teoria do desenvolvimento sustentável.
D_(__)_Teoria da dependência econômica.

18. Propõe uma investigação mais detalhada do que a teoria do desenvolvimento. Após a primeira fase de exploração, iniciou-se um novo movimento que aprofundou ainda mais a dependência desses países. Estes continuaram a produzir os mesmos bens primários para exportação, mas iniciou-se o processo de internacionalização da produção industrial. Com isso, os produtos que eram fabricados nos países desenvolvidos passam a se produzidos nos países mais pobres, por conta do custo ser mais barato. A mão de obra é mais barata, o Estado oferece incentivos fiscais e a exploração dos recursos naturais não é tão fiscalizada quanto nos seus países de origem. A esta explicação chamamos de teoria:
A_(__)_da dependência econômica.
B_(__)_da modernização.
C_(__)_do subdesenvolvimento.    
D_(__)_ terceiro mundo

Trabalho Diferenciado de Filosofia para o 2º Ano




Leia os textos abaixo com atenção, pois serão utilizados em breve!

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La Boétie, Etienne – Discurso da Servidão Voluntária
TEXTO 1
No momento, gostaria apenas que me fizessem compreender como é possível que tantos homens, tantas cidades, tantas nações às vezes suportem tudo de um Tirano só, que tem apenas o poderia que lhe dão, que não tem o poder de prejudicá-los senão enquanto aceitam suportá-lo, e que não poderia fazer-lhes mal algum se não preferissem, a contradize-lo, suportar tudo dele. Coisa realmente surpreendente (e no entanto tão comum que se deve mais gemer por ela do que surpreender-se) é ver milhões e milhões de homens miseravelmente subjugados e, de cabeça baixa, submissos a um jugo deplorável: não que a ele sejam obrigados por força maior, mas porque são fascinados e, por assim dizer, enfeitiçados apenas pelo nome de um que não deveriam temer, pois ele é só, nem amar, pois é desumano e cruel para com todos eles. Tal entretanto é a fraqueza dos homens! Forçados à obediência, forçados a contemporizar, divididos entre si, nem sempre podem ser os mais fortes. Portanto, se uma nação, escravizada pela força das armas, é submetida ao poder de um só (como foi a cidade de Atenas à dominação dos trinta tiranos), não é de se espantar que ela sirva, mas de se deplorar sua servidão, ou melhor, nem espantar-se nem lamentar-se: suportar o infortúnio com resignação e reservar-se para uma ocasião melhor no futuro.

TEXTO 2
Mas, ó Deus!, o que é isso? Como chamaremos esse vício, esse vício horrível? Não é vergonhoso ver um número infinito de homens não só obedecer mas rastejar, não serem governados mas tiranizados, não tendo nem bens, nem parentes, nem crianças, nem sua própria vida que lhes pertençam? Suportando as rapinas, as extorsões, as crueldades, não de um exército, não de uma horda de bárbaros, contra os quais cada um deveria defender sua vida a custo de todo o seu sangue, mas de um só: não de um Hércules ou de um Sansão, mas de um verdadeiro homenzinho, amiúde o mais covarde, o mais vil, e o mais efeminado da nação, que nunca cheirou a pólvora das batalhas, quando muito pisou na areia dos torneios; que é incapaz não só de comandas os homens mas também de satisfazer a menor mulherzinha! Nomearemos isso covardia? Chamaremos de vis e covardes os homens submetidos a tal jugo? Se dois, três, quatro cedem a um, é estranho, porém possível: talvez se pudesse dizer, com razão: é falta de fibra. Mas se cem, se mil deixam-se oprimir por um só dir-se-ia ainda  que é covardia, que não ousam atacá-lo, que por desprezo ou desdém não querem resistir a ele? Enfim, se não se vê que cem, mas cem países, mil cidades, um milhão de homens não atacarem, não esmagarem aquele que, sem prurido algum, trata-os todos como igual número de servos e de escravos – como qualificaríamos isso? Será covardia? Mas para todos os vícios há limites que não podem ser superados. Dois homens e até dez bem podem temer um, mas que mil, um milhão, mil cidades não se defendam contra um só homem! Oh! não é só covardia, ela não chega a isso – assim como a valentia não exige que um só homem escale uma fortaleza, ataque um exército, conquiste um reino! Que vício monstruoso então é esse que a palavra covardia não pode representar, para o qual toda expressão, que a natureza desaprova e a língua se recusa a nomear?…

TEXTO 3
Mas voltando ao meu assunto, que quase perdera de vista: a primeira razão pela qual os homens servem  voluntariamente é que nascem servos e são criados na servidão. Desta ocorre naturalmente esta outra: sob os tiranos, os homens nascem necessariamente covardes e efeminados, como, em meu entender, chamou a atenção bastante judiciosamente o grande Hipócrates, pai da medicina, num de seus livros intitulado Das Doenças. Esse homem, digno por certo, tinha bom coração e bem o mostrou quando o rei da Pérsia quis atrai-lo para junto de si, à força de ofertas e grandes presentes; pois respondeu-lhe francamente que teria problemas de consciência ao ocupar-se em curar os Bárbaros que queria destruir os Gregos e fazer algo que pudesse ser útil àquele que queria subjugar a Grécia, sua pátria. A carta que lhe escreveu a esse respeito encontra-se entre as outras obras, e testemunhará para sempre seu bom coração e seu belo caráter. Portanto, é certo que com a liberdade se perde imediatamente a valentia. Os escravos não tem ardor nem constância no combate. Só vão a ele como que obrigados, por assim dizer, embotados, livrando-se de um dever com dificuldade: não sente queimar em seu coração o fogo sagrado da liberdade, que faz enfrentar todos os perigos e desejar uma bela e gloriosa morte que nos honra para sempre junto aos nossos semelhantes. Entre os homens livres, ao contrário, é a porfia, cada qual melhor, todos por um e cada um por todos: sabem que colherão uma parte igual no infortúnio da derrota ou na felicidade da vitória; mas os escravos, inteiramente sem coragem e vivacidade, tem o coração baixo e mole, e são incapazes de qualquer grande ação. Disso bem sabem os tiranos; assim, fazem todo o possível para torná-los sempre mais fracos e covardes.

TEXTO 4
Assim o tirano subjuga os súditos uns através dos outros. É guardado por aqueles de quem deveria se guardar, se não estivessem aviltados; mas, como bem se disse, para rachar lenhas faz-se cunhas da própria lenha. Assim são seus arqueiros, seus guardas, seus alabardeiros. Não que eles mesmos freqüentemente não sofram com sua opressão, mas esses miseráveis, amaldiçoados por Deus e pelos homens, contentam-se em suportar o mal para fazê-lo, não àquele que lhe malfaz, mas aos que, como eles, o suportam e nada podem fazer. E. no entanto, quando penso nessa gente que adula o tirano com baixeza para explorar ao mesmo tempo sua tirania e a servidão do povo, surpreendo-me quase tanto com sua estupidez quanto com sua maldade. Pois, em verdade o que é aproximar-se do tirano senão distanciar-se da liberdade e, por assim dizer, abraçar a apertar com as duas mãos a servidão? Que por um momento ponham de lado sua ambição, que se livre um pouco de sua sórdida avareza,  e depois, que se olhem, que considerem-se a si mesmos: verão claramente que os aldeões, ou camponeses que espezinham e tratam como forçados ou escravos, verão, digo, que esses, assim maltratados, são mais felizes e de certo modo mais livres do que eles. O lavrador e o artesão, por mais subjugados que sejam, ficam quites ao obedecer; mas o tirano vê os que o cercam trapaceando e mendigando  seu favor. Não só é preciso que façam o que ordena mas também que pensem o que quer e, amiúde, para satisfazê-lo, que também antecipem seus próprios desejos. Não basta obedecê-lo, é preciso aguardá-lo, é preciso que se arrebentem, se atormentem, se matem dedicando-se aos negócios dele; e já que só se aprazem com o prazer dele, que sacrifiquem o seu gosto pelo dele, forcem seu temperamento e o dispam de seu natural. É preciso que estejam incessantemente atentos às palavras dele, à voz dele, aos olhares dele, aos mínimos gestos dele: que seus olhos, seus pés, suas mãos estejam incessantemente ocupados seguindo ou imitando todos os seus movimentos, espiando e adivinhando suas vontades e descobrindo seus mais secretos pensamentos. Isso é viver feliz? Isso é mesmo viver? Há no mundo algo mais insuportável que essa condição, não digo para todo homem bem nascido, mas apenas para aquele que tem grande bom senso ou mesmo figura de homem? Que condição é mais miserável que a de viver assim, nada tendo de seu e recebendo de um outro sua satisfação, sua liberdade, seu corpo e sua vida!!

TEXTO 5
Certamente, o tirano nunca ama nem é amado. A amizade é um nome sagrado, uma coisa santa: só pode existir entre pessoas de bem, nasce da mútua estima e se mantém não tanto através de benefícios como através da boa vida e costumes. O que torna um amigo seguro do outro é o conhecimento de sua integridade. Como garantias, tem seu bom natural, sua fé, sua constância; não pode haver  amizade onde se encontram a crueldade, a injustiça. Entre os maus quando se juntam, há uma conspiração, não uma sociedade. Eles não se entre apoiam mas se entretelem. Não são amigos, mas cúmplices.

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Leitura complementar.
Arendt, Hannah.  As Origens do Totalitarismo.